Neste mês, ela inaugura a 100ª loja e muito mais está por vir. Confira os destaques da entrevista com o presidente da rede no Brasil, Maurício Braz, que também falou sobre o modelo de negócio, a parceria com os fornecedores, a capacitação do time e o Digital
No início de agosto, Maurício Braz, presidente da AutoZone Brasil, foi o convidado do podcast conduzido pelo editor-chefe do Balcão Automotivo, Silvio Rocha, intitulado a “Expansão da AutoZone no Mercado de Reposição Automotiva”. Fundada por Pitt Hyde, a primeira loja da rede foi aberta na mesma data da independência dos Estados Unidos, no dia 4 de julho de 1979. “Talvez não por acaso, mas para ficar fácil de lembrar a data”, comentou Maurício. Hoje são mais de 7 mil lojas, sendo mais de 6.300 nos Estados Unidos, mais de 700 no México e neste mês no Brasil, serão 100 unidades.
A data para a abertura da primeira loja no Brasil, em Sorocaba (SP), em 26 de setembro de 2012, também foi escolhida para ser memorável. “É a data de aniversário do meu casamento, assim eu não esqueço a data de jeito nenhum”, disse Maurício. Desde 2011 à frente da AutoZone no Brasil, ele presenciou o processo acelerado de crescimento da rede.
“Na última década, abrimos praticamente 3.000 lojas, estamos nos Estados Unidos, no México e Brasil, e olhando um pouco para fora para ver onde tem mais oportunidade. No dia 24 de agosto abriremos a 100ª loja no Brasil, a primeira de Belo Horizonte (MG). Começamos pelo interior de São Paulo e pela capital paulista, e hoje temos lojas no Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Goiânia, e um centro de distribuição em Paulínia (SP)”, afirmou.
Expansão acelerada
No último ano fiscal da AutoZone, de setembro de 2021 a setembro de 2022, foram 20 lojas abertas e no final deste ano fiscal, que termina em setembro serão 30 lojas. Chegar a 50 novas lojas é o projeto para o outro final de ano fiscal, que termina em setembro de 2024. As próximas já estão encaminhadas, em Alvorada e Canoas, ambas na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS).
A de Canoas será uma loja hub, um modelo já presente em outras lojas, conforme contou Maurício. “Cada loja tem em torno de 16 mil SKUs diferentes. São lojas padrão com basicamente os mesmos itens, e tem algumas que chamamos de hubs com mais de 60 mil itens disponíveis e que servem as lojas satélites”.
Questionado sobre a possibilidade de aquisições, Maurício comentou que a possibilidade não está descartada, mas que não é o foco e explicou o porquê. “Muito do que nós fazemos está associado ao nosso modelo de loja, de como a gente distribui os produtos, como fazemos o atendimento ao cliente. É muito difícil adaptar um modelo pré-existente para o nosso modelo. A loja funciona bem e o cliente gosta, tanto o cliente final como o comercial, que é o mecânico”.
Atrativos do mercado local
Maurício contou que na decisão da AutoZone vir para o Brasil pesaram dois fatores: a escala e um mercado consumidor significativo. “Na época, o Brasil tinha a 5ª maior frota de veículos e tinha ultrapassado a Alemanha em volume de produção de veículos. Hoje, estamos entre os dez maiores mercados automotivos mundiais e o envelhecimento da frota é parte disso. Também levamos em conta o tipo de consumo”.
Ele comparou que diferentemente dos Estados Unidos, onde o modelo de consumo é o “do it yourself” ou faça você mesmo, tanto no Brasil como no México, o modelo é o “do it for me”, ou faça por mim, que é o mercado do aplicador. “A gente entendeu o comportamento do cliente brasileiro, o tamanho da frota e viemos para o Brasil”, disse Maurício.
No mercado brasileiro onde é forte a presença do aplicador, um dos diferenciais da AutoZone é o seu programa de empréstimo de ferramentas. “São ferramentas especiais, técnicas, e o principal usuário é o cliente comercial, o mecânico, que pode ir até uma das nossas lojas e pegar a ferramenta emprestada. Mais do que vender a peça, é uma forma para ajudarmos o cliente que está executando o serviço. Esse programa está em todas as lojas”, especificou.
Aceitação do modelo
Mesmo durante a pandemia, a expansão continuou. “Resolvemos acelerar o ciclo de investimento durante a pandemia e percebemos que não só aqui, mas o mercado de autopeças é resiliente no mundo inteiro. Nos Estados Unidos, as vendas cresceram mais de 10% ano a ano durante a pandemia, algo impensável para o mercado americano que é muito mais estável e cresce pouco. A mesma coisa aconteceu no México e no Brasil. Aqui, abrimos novas lojas e com a pandemia, demorou para que os clientes fossem até elas, mas crescemos, porque o segmento se mostrou necessário e essencial”.
O resultado, disse ele, ajudou a continuarem investindo no Brasil. “Um dos fatores que mais influenciaram nessa decisão foi a boa aceitação do nosso modelo e como o cliente enxerga o valor que nós propomos, que é dar um bom atendimento, sermos uma fonte confiável de indicação e ele ter a possibilidade de comprar tudo em um único lugar. Esse é um modelo que tem boas chances de ter o mesmo sucesso no Brasil, que tem no México e nos Estados Unidos”.
Parceria com os fornecedores
Para atender toda a rede com eficácia, Maurício ressaltou que é fundamental a parceria com os fornecedores. “Precisamos contar com grandes fornecedores nacionais e fomos estabelecendo as parcerias ao longo do tempo, principalmente com os que foram entendendo o nosso modelo, o que nós propúnhamos. O nosso modelo de distribuição e o nosso modelo de atendimento ao cliente, e eles foram se consolidando como os nossos principais fornecedores. Em julho, nós tivemos o nosso primeiro encontro de fornecedores, com a presença de mais de 300 pessoas”.
AutoZoners
No Brasil, a AutoZone tem mais de 1.100 funcionários e o principal desafio, contou Mauricio, é colocar os AutoZoners (como eles chamam os vendedores) dentro das lojas. “O desafio é treinar esse pessoal e manter a cultura da AutoZone forte e igual para que a experiência de quem entra na primeira loja que foi aberta, em Sorocaba, que tem mais de 10 anos, seja a mesma de quem vai em uma nova loja”.
Para isso, a rede disponibiliza vários conteúdos e treinamentos on-line, e recrutadores e treinadores regionais fazem treinamentos nas lojas. Mas o principal, disse Maurício, é a troca de experiência. “O principal conhecimento a gente passa na hora do trabalho, juntos e interagindo, criando um lugar onde os AutoZoners possam trocar experiências para cada um aprender com o outro. Criar carreiras de longa duração, onde as pessoas fiquem motivadas a crescer com a empresa, ajuda bastante na questão do treinamento. Sem dúvida, esse é um dos maiores investimentos que nós temos”.
Ele acrescentou que pelo rápido crescimento da AutoZone, não é fácil manter a cultura da empresa e que o time de operações faz a grande diferença. “A gente cresce muito rápido e manter essa cultura é um grande desafio, o que demanda muito de cada um de nós, principalmente do pessoal de operações, o qual a gente tem um grande reconhecimento pelo trabalho que eles fazem e se sacrificam todos os dias para formarem novos AutoZoners”.
Modelo digital
Sobre vendas por plataformas digitais, Maurício falou que isso só acontecerá na AutoZone quando houver uma padronização dos catálogos. “A gente tem trabalhado nisso e boa parte da discussão que temos como os fornecedores é sobre a uniformização. Uma das grandes dificuldades que temos no Brasil é a falta de padronização dos catálogos, temos várias iniciativas no varejo e na indústria, com catálogos e formatos diferentes. Até conseguirmos unificar tudo isso tem um bom caminho para andar”.
Segundo ele, “o nosso foco é atender bem o cliente, estarmos juntos e sermos uma fonte confiável de informações. Estaremos no on-line quando tivermos a capacidade de sermos confiáveis e de entregarmos a qualidade de atendimento que o cliente precisa”. Hoje, a AutoZone está presente institucionalmente nas redes sociais e, em breve, lançará o seu novo portal.
Por Karin Fuchs e Silvio Rocha
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