Momentum nº 1.051
“Foram 40 mil participantes, sendo 2.500 brasileiros, e um período pleno de eventos paralelos que marcaram o 113º NRF Retail’s Big Show em Nova York na semana passada.
Com mais de 1.000 expositores na feira e perto de 450 palestrantes em 170 sessões de conteúdo, fora as visitas e outros eventos promovidos por marcas patrocinadoras, o mundo do varejo fez ampla reflexão sobre seu momento e perspectivas. Num cenário em que o protagonismo do que acontece no setor deve agora considerar o mercado norte-americano, ainda o maior varejo do mundo, mas também e de forma crescente o que acontece na China, Índia, Coréia do Sul e Indonésia, novos polos globais de expansão, além da própria Europa.
O repensar dos pontos de conexão e as alternativas para envolver um consumidor cada vez mais maduro, racional e informado talvez seja a essência do que foi mais marcante e despertou o maior interesse no processo de transformação estrutural e estratégica do setor. E sem esquecer os temas ligados à sustentabilidade de forma ampla.”
A solução da equação (CustomPDX) elevado à potencia IA talvez seja a possível consolidação de tudo que foi visto, ouvido e compartilhado nesses dias. Vamos tentar explicar.
No passado, os três pontos mais importantes para dar certo no varejo eram “Location, Location, Location”. Ou seja: no comércio e no varejo, quase tudo tinha a ver com a localização da loja.
Multiplicaram-se os formatos de lojas (hipermercados, supercenters, atacarejos, conveniência, category killers, clubes de atacado, etc.) e depois os canais de vendas, com a televisão, o telefone, o porta a porta, mais recentemente o e-commerce e agora o social commerce, combinando comércio e venda com redes sociais, em que a China é o benchmarking global.
Nesse ambiente expandido, cresceram de forma dramática a concorrência e a competitividade.
Ao mesmo tempo, a tecnologia e o digital tornaram-se ferramentas na racionalização de processos, melhoria de eficiência e redução de custos, ao mesmo tempo que abriam novas oportunidades para melhorar a experiência e a conveniência e equacionar as questões que envolviam um comportamento cada vez mais orientado para valor pelo consumidor.
O antigo PDV – Ponto de Venda, a loja, incorporou novos papéis, seja pelo lado da oferta e busca de diferenciação, seja por necessidade para atender novas demandas.
O PDV – Ponto de Venda físico transformou-se em OmniPDX, onde o X representava serviços, soluções, experiências, informação, relacionamento e mídia. E até vendas.
E se reconfigurou para ser ponto físico ou virtual para tudo isso, daí porque o OmniPDX.
Mas a evolução do processo ficou mais marcante no momento atual pela crescente incorporação da tecnologia, do digital e mais a Inteligência Artificial, que permitiu um avanço significativo pelas possibilidades de entregar soluções e experiências individualizadas e customizadas às necessidades expressas ou apenas intuídas de cada consumidor.
Esses consumidores tiveram importante evolução na sua curva de maturidade, pois foram requalificados pelas possibilidades geradas no ambiente do e-commerce e do social commerce, individualizando o relacionamento e onde a fronteira do futuro está muito mais na Ásia do que nos Estados Unidos.
Enquanto na China e na Coreia a participação dos canais digitais nas vendas totais do varejo está em torno de 30%, nos Estados Unidos está próximo da metade disso, e no Brasil, em cerca de um terço desse percentual.
O antigo ponto físico evoluiu para omnicanais e incorporou muito mais opções para atender um consumidor mais maduro pela multiplicação de alternativas para ser atendido.
O elemento mais recente dessa evolução é a IA – Inteligência Artificial, tema presente em praticamente todas as palestras feitas em NY. E que representa tudo que se abre de perspectiva para individualizar, antecipar, customizar e tornar mais imersiva e completa a experiência combinada com a oferta de produtos e serviços.
Tudo isso integrado de forma abrangente para atender esse consumidor em permanente e acelerado processo de evolução.
O “extrato da síntese” que representa o que aconteceu nessa 113ª edição da NRF tem que considerar o mundo de alternativas que se multiplica com a perspectiva de customizar (Custom) soluções nos mais diversos canais e momentos de relacionamento, integrando todas as categorias de produtos com serviços e mais experiências, informação, relacionamento, educação, orientação, razão e mídia nos possíveis pontos de conexão, potencializados pela ampliação das oportunidades geradas pela Inteligência Artificial.
Tão simples e desafiador assim.
Decifra-me ou te devoro.
Notas
No artigo anterior havíamos estimado, e publicado, que 3.500 brasileiros estariam participando do evento, com base na perspectiva, confirmada, de audiência total de 40 mil pessoas. Esse número foi depois corrigido para o divulgado oficialmente de 2.500 brasileiros participantes (o texto original foi atualizado).
No dia 31 de Janeiro, das 8h30 às 18h, no Teatro Bradesco em São Paulo, acontecerá o Retail Trends – Pós-NRF 2024, com uma visão ampliada do que mais relevante foi apresentado, discutido e aprendido durante esse período do evento com a visão de seus impactos no Brasil e no mundo. Haverá também o acesso virtual. Programa, informações e inscrições neste link.
Por: Marcos Gouvêa de Souza
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.