As maiores redes de farmácias do país alcançaram, mais uma vez, faturamento recorde e superaram as cifras de R$ 90 bilhões no ano passado. É o que apontam os indicadores das 30 bandeiras do grande varejo farmacêutico que integram a Abrafarma, em balanço compilado pela FIA-USP.
Com crescimento superior a dois dígitos, as grandes redes movimentaram R$ 90,3 bilhões em 2023, contra R$ 80,1 bi de 2022. O avanço foi de 12,7%, o que levou o setor a registrar evolução acima de dois dígitos pelo terceiro ano consecutivo.
“Em 2019 o setor chegava a R$ 53 bilhões de receita. O avanço substancial desde então reflete a consolidação das farmácias como centros de cuidados com a saúde, por meio de mais de 1,1 bilhão de atendimentos no ano. E com a aposta em centros de distribuição próprios e maior diversificação de produtos e serviços, as grandes redes conseguiram ampliar sua relevância e já respondem por 53% da venda de medicamentos no país”, avalia Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma.
Maiores redes de farmácias têm forte avanço em 2 categorias
As maiores redes de farmácias do país detectaram um incremento de duas categorias em particular – os genéricos e os não medicamentos.
Os medicamentos resultaram em vendas acima de R$ 61,08 bilhões, representando 68% do volume de negócios. E os genéricos foram os remédios que mais puxaram esse resultado, com montante superior a R$ 10,8 bilhões e crescimento de 15,6%. É a primeira vez que esse segmento chega a dois dígitos de faturamento.
“Os genéricos atestam como os consumidores adaptaram suas cestas de compras em função de barreiras como a inflação e a perda de renda”, entende Barreto.
Já os artigos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, que englobam os não medicamentos, faturaram R$ 29,25 bi – índice 17,5% maior que o de 2022. “Mesmo com desafios financeiros, o brasileiro não deixou de frequentar a farmácia, o que se prova com os mais de 1,1 bilhão de atendimentos em 2023”, acrescenta.
Digitalização nas farmácias ganha impulso
Se antes da pandemia o e-commerce se limitava a pouco mais de R$ 750 milhões, hoje essa operação nas grandes redes beira os R$ 10 bilhões. A receita proporcionada pelas vendas online foi de R$ 9,34 bi no ano passado. Os dados consideram tanto as transações por canais próprios das varejistas como aquelas efetivadas por marketplaces e plataformas de terceiros.
“Podíamos definir o e-commerce como patinho feio das farmácias na década passada, embora com tendência de alta. Mas a pandemia exigiu uma reinvenção e acelerou os processos de inovação digital, na esteira da mudança de hábitos do consumidor”, comenta.
Contratações em alta
Como reflexo desse crescimento, o número de funcionários e colaboradores nas farmácias saltou de 153 mil para 166 mil. Deste total, mais de 33 mil são farmacêuticos. “O saldo de contratações e demissões no ano foi maior que 3 mil, destacando o protagonismo assumido por essa profissão”, conclui Barreto.
Comparativo – 2022 x 2023
2022 | 2023 | Variação % | |
Vendas | R$ 80.152.291.708 | R$ 90.340.716.943 | 12,7 |
Vendas de medicamentos | R$ 55.254.953.008 | R$ 61.084.663.576 | 10,5 |
Vendas de MIPs/OTCs | R$ 15.954.472.673 | R$ 16.846.131.807 | 5,6 |
Vendas de genéricos | R$ 9.344.012.909 | R$ 10.806.102.428 | R$ 15,6 |
Vendas de não medicamentos | R$ 24.897.338.700 | R$ 29.256.053.367 | 17,5 |
Delivery/e-commerce | R$ 6.594.676.354 | R$ 9.958.426.336 | 51 |
Unidades totais vendidas | 3.145.695.246 | 3.290.469.182 | 4,6 |
Total de atendimentos | 1.080.327.147 | 1.150.046.716 | 6,4 |
Total de lojas | 9.645 | 10.336 | 7,2 |
Funcionários/colaboradores | 153.712 | 166.810 | 8,5 |
Farmacêuticos | 30.848 | 33.725 | 9,3 |
Por: Leandro Luize