A Pague Menos passará a ser comandada por um executivo de mercado, depois de 42 anos sob a liderança de membros da família fundadora, a rede de farmácias anunciou agora à noite.
Jonas Marques, um veterano do setor farmacêutico com 12 anos de Bayer e 11 de Roche, vai substituir o atual presidente, Mário Queirós, filho do fundador Francisco Deusmar de Queirós.
Jonas assumirá em 4 de janeiro – até 4 de abril, Mário atuará na equipe de transição.
Patriciana Rodrigues, a presidente do conselho, disse ao Brazil Journal que a escolha de um CEO profissional é “um processo de evolução, que ajudará a garantir a perpetuação da empresa.”
A Pague Menos tem 1.648 lojas (incluindo as da Extrafarma, adquirida no ano passado) e faturou R$ 12 bilhões nos últimos 12 meses.
O processo de troca de CEO começou em agosto, quando Mário sinalizou ao conselho que não queria continuar no cargo.
“Avaliamos nossos quadros internos e o mercado, e encontramos a melhor opção fora,” disse o atual CEO. “O Jonas é um executivo com bastante conhecimento do setor e entrosado com nossos valores, o que é ainda mais importante por ele ser o primeiro presidente de fora da família.”
Além disso, ele está disposto a morar no Ceará, “o que nem sempre é fácil” de encontrar no mercado.
Jonas é cearense, e durante os 30 anos em que atuou no setor farmacêutico, atendeu as drogarias da Pague Menos.
Trabalhou nas áreas comercial, de logística, abastecimento e precificação de multinacionais como Bayer, Roche e Stiefel Laboratories (que pertence à GSK).
Até recentemente, chefiava a divisão de consumer health da Bayer na Austrália e Nova Zelândia – uma função que também exerceu no Brasil e na Itália.
“Ele é orientado para as pessoas, vai contribuir para engajar nosso time de executivos e também dar um grande foco ao cliente, nossa prioridade,” disse Mário.
Patriciana, que é filha de Deusmar, disse que “por ter experiência em outros mercados, [Jonas] traz ideias de novos serviços e melhores práticas que podemos implementar.”
Jonas será o terceiro CEO da história da Pague Menos. O primeiro foi Deusmar, que ficou no cargo desde a fundação da empresa em 1981 até 2015, quando passou o comando a Mário – que vai para o conselho depois da transição.
Durante sua gestão, Mário negociou a entrada da General Atlantic como investidor em 2016, o IPO em 2020 e a compra da Extrafarma em 2022. O faturamento, que era de cerca de R$ 5 bilhões, mais que dobrou.
O desafio agora é voltar ao azul e reduzir o endividamento, questões que “estão sendo endereçadas,” disse Mário.
“O operacional está saudável. O juro alto eleva o custo do capital de giro e dos estoques, o que corrói o resultado, mas isso está mudando.”
Além disso, a empresa fez um aumento de capital em setembro que reduziu a dívida líquida para 2,4x EBITDA – número que deve cair para baixo de 2x no fim de 2024, disse Mário.
Por: Giuliana Napolitano