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Para onde vai o varejo de conveniência?


Desde a década de 80, o modelo de loja de conveniência de rua cresce em ritmo acelerado no mundo. O impacto cultural deste modelo de varejo na cultura de consumo pode ser visto no filme de 1994, "O Balconista". O filme retrata a vida de um atendente de uma loja de conveniência QuickStop. A loja retratada tem a cara dos anos 90, com um balcão ladeado de cigarros e a essência do que é este formato até hoje: alimentos prontos, bebidas geladas, cafés, refrescos, guloseimas e sortimento básico alimentar.


Estas lojas de conveniência com metragem quadrada inferior a 500m2 e até 2 checkouts, oferecem ao consumidor economia de tempo e de deslocamento. Instaladas em pontos estratégicos dos bairros, amenizam dores importantes da vida contemporanêa.


Ao longo de tantos anos de existência, a evolução dos modelos deste formato apresentado ao consumidor levou ao que vemos, por exemplo, no 7-eleven e, em especial, nas lojas desta rede no Japão: uma evolução no sortimento de alimentos prontos e pré-prontos para diferentes ocasiões de consumo, amplo sortimento de bebidas industrializadas e opções de bebidas preparadas.


No inicio dos anos 20, experimentamos uma evolução rápida dos modelos de conveniênicia: lojas autônomas e em condomínios, delivery e máquinas de auto-serviço. As medidas de isolamento social tiveram um papel relevante no aumento do espaço destes "novos" modelos em nossas vidas.


Com o fim das medidas de isolamento social algumas jornadas voltaram para os espaços de origem, mas o avanço da conveniência para mais perto e com melhor timing é inegável.


Afinal de contas para onde vai o varejo de conveniência?


A resposta mais precisa é: irá para mais perto e no melhor timing para o consumidor.


O desafio lógico da conveniência pode ser descrito como: identificar o local e momento exatos onde o equilibrio entre a percepção de valor pela redução do tempo e deslocamento do consumidor para um determinado produto e o preço, produza volumes de resultado que remunere satisfatoriamene o investimento no modelo de negócio.


Voltando ao exemplo do Japão, a combinação de custo de capital imobilizado negativo e custo de mão de obra elevado possibilitou a oferta extrema de conveniência através de máquinas de auto-serviço. Com preços competitivos para toda e qualquer necessidade espalhadas por todo o lado, criou um verdadeiro futuro a la Jetsons.


No Brasil os efeitos do custo elevado de capital tornam mais desafiador o investimento em proximidade e estoques ultra descentralizados. Dessa forma, há uma limitação da expansão e do acesso do consumidor a modelos de negócio automatizados e pulverizados. Por outro lado, a abundância de mão de obra disponível para entregas torna o modelo de delivery mais viável que em outros mercados, potencializando o acesso do consumidor a estes serviços.


De acordo com o BCG on Consumer , em 2024 vemos duas tendências com impacto direto nos modelos de conveniência: consumidor direcionado à escolha por valor e varejistas revendo seus modelos de home delivery. Portanto, potencialmente gerando um ano sem crescimento nesta modalidade nos EUA.


Cada um destes desafios irá definir a velocidade e escala na qual modelos de negócio mais convenientes passarão a ser oferecidos para o consumidor.


Certa vez, em uma entrevista, um consumidor mexicano de uma loja de conveniência perguntou - "No Brasil as pessoas não querem conveniência?". Hoje, anos depois sei que o consumidor brasileiro quer conveniência, mas faz escolhas de valor dentro de suas limitações.


Conveniência na alimentação ao lado do trabalho: sabor caseiro e custo baixo - a famosa quentinha do porta mala.


Conveniência de ter uma bebida gelada na hora do sol quente: o vendedor ambulante de mate gelado na praia.


Conveniência do café da manhã a caminho do trabalho: o ambulante com pão de queijo e cafézinho no meio do trânsito.


Como visto nos exemplos, hoje já existem soluções de conveniência no Brasil que tem localização, timing, assertividade de sortimento e preço. Mas, que viabilizam-se exatamente na abundância de mão de obra barata e informalidade.


Tudo isso leva a crer que ainda há espaço para o surgimento de um modelo de conveniência estruturado e formal no Brasil. Um modelo que compreenda os hábitos e necessidades da população e consiga ter o sucesso que, operações como Oxxo e 7-eleven tem em seus países, trazendo produtos para mais perto na hora certa.


Por: Marcos Tanaka Pereira Oliveira

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