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Pequenas livrarias físicas resistem e seguem abrindo portas


Driblando a correria da vida e as compras online, livrarias físicas seguem resistindo como um espaço de respiro e refúgio, onde olhares atentos passeiam entre as prateleiras


Neste artigo:

  1. O surgimento das pequenas livrarias

  2. Uma livraria com jeitinho de casa de avó

  3. Em São Paulo, acontece um 'boom' de livrarias de rua

  4. Pela união dos livreiros, as livrarias se fortalecem

  5. Para além das compras online: livrarias são destinos de passeios


Quantas histórias guardam os corredores das livrarias físicas? Enquanto os olhos passeiam por vezes perdidos entre títulos, sem nada buscar, há uma pausa possível aos pensamen­tos. Tempo tão raro e tão caro. Quase um refú­gio em meio ao caos das ideias e barulhos que persistem do lado de fora. Mas não ali.


Uma livraria traz calma, tranquilidade e também movimento fluido. É espaço de expansão, de viagens, de novos olhares e visões de mundo.


É assim, carregado de versos, prosas e his­tórias, que o mercado livreiro sobrevive a tantas “mortes anunciadas”: primeiro, pela chegada dos e-books e do comércio eletrô­nico; depois, impactado pelo isolamento so­cial da Covid-19.


O surgimento das pequenas livrarias


Antes mesmo do impacto da pandemia, grandes redes de livrarias fecharam lojas e iniciaram processos dolorosos de recupera­ção judicial.


Mas, na contramão, pequenas livrarias florescem do asfalto na cidade, en­quanto outras redes têm se expandido. Em outubro de 2021, quando os adultos co­meçaram a se vacinar e a pandemia deu um pequeno respiro, duas amigas professoras concretizaram o desejo de abrir a sua peque­ na livraria.


A Miúda, em Perdizes, São Paulo, surgiu para ser um espaço voltado para a infância e a cultura, atravessado por narrati­vas literárias e artísticas.


“Ao longo do proje­to, percebemos que o que queríamos era, na verdade, uma livraria. Ela cumpre esse papel de ser referência cultural. Importante para a cidade e para a formação do leitor”, diz Te­reza Grimaldi, pedagoga, arte-educadora e uma das fundadoras da Miúda.


Uma livraria com jeitinho de casa de avó


A livraria funciona em uma antiga casi­nha. Ali, a narrativa afetiva é de casa da avó. Um café gostoso, um cardápio pensado nas crianças, contação de histórias, oficinas…


E os livros? Claro, são também uma atração: todas as prateleiras ficam voltadas a quem entra, com as capas ocupando o papel de grandes abre-alas das histórias contadas ali.


“Acho que o grande diferencial é conseguir­mos ser muito próximas das pessoas, conhe­cemos parte de nossos clientes pelo nome, e o espaço proporciona longos papos. Tam­bém conhecemos muito bem o nosso acervo. Não temos tudo. Há uma curadoria fina feita com muito cuidado para trazer coisas que façam sentido para nós”, diz Julia Souto Guimarães Araújo, pedagoga especialista em literatura e sócia da Miúda.


Em São Paulo, acontece um ‘boom’ de livrarias de rua


A paixão pelos livros tem impulsionado a cena livreira de São Paulo, e garantido aos apaixonados por literatura espaços de respiros e encontros.


Só na cidade de São Paulo, cerca de dez novas livrarias abriram as portas nos últimos meses, consolidando a sede por curadoria, por proximidade.


E a maior parte delas não buscou endereços em shoppings. Foi a rua que virou palco das andanças entre prateleiras encantadas.


Nas pequenas livrarias, vale destacar, as coleções são modestas, pensadas título a título, um trabalho de proximidade movido pelo ímpeto de transformar – os seus arre­dores e os cotidianos de gente como nós, queridos e caros leitores.


Como bons refúgios, elas abrem seus espaços para cursos, oficinas, exposições, e dão maior ênfase aos lançamentos como grandes oportuni­dades de estar junto e estar perto.


A ideia é ser mesmo uma extensão da sala de casa. Não aquela sala da qual tantas ve­zes – principalmente após o isolamento -os livros nos ajudavam a escapar.


Mas das salas gostosas onde se quer ficar um pouco mais, com uma estante sempre pronta para passeios, e cheias de histórias para contar.


Por: Nathália Duarte

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