De novembro de 2023 a janeiro de 2024, a procura pela vacina da dengue Qdenga nas farmácias Raia e Drogasil subiu 400%. Segundo o Ministério da Saúde, nas duas primeiras semanas de 2024, o número de casos de dengue no país mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado.
O SUS prevê começar a aplicar a Qdenga no próximo mês de fevereiro, mas o número de doses é suficiente para atender apenas o público de 10 a 14 anos. Para crianças abaixo de 10 anos, adolescentes acima de 14 anos, adultos e idosos, ainda não há previsão para o início da vacinação pelo SUS. Com a limitação da quantidade de doses na rede pública, a rede privada se tornou uma alternativa. Na Droga Raia e Drogasil, a Qdenga é aplicada em pessoas de 4 a 60 anos. Por enquanto, a prescrição médica é obrigatória.
Vacina da dengue é aplicada em duas doses
A Qdenga, produzida pela farmacêutica japonesa Takeda, é aplicada em duas doses com intervalo de 90 dias. A aplicação pode ser feita tanto em quem nunca teve a doença, quanto em quem já teve. Segundo o fabricante, a eficácia é de 80,2% e a proteção dura 12 meses. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil é o país que mais registra casos de dengue no mundo. Em 2023, foram 2,9 milhões de casos e pelo menos 1.094 mortes.
“O papel das farmácias é cada vez mais contribuir para o bem-estar das pessoas e para a prevenção de doenças. Somos um aliado da saúde pública, esse é um compromisso nosso. Muita gente ainda nem sabe que já existe vacina para a dengue e o nosso papel é também informar e facilitar o acesso das pessoas”, diz Juliana Cervan, diretora da área Mais Saúde da RD-RaiaDrogasil. Em todo o país, 306 filiais da Droga Raia e Drogasil aplicam a Qdenga.
A vacina tem um valor de R$ 349,90 (cada dose) e o teste rápido um custo de R$ 39,90. É possível fazer agendamento, mas não é obrigatório. Grávidas, mulheres que amamentam e pessoas com imunodeficiência ou que fazem tratamento imunossupressor não podem tomar a vacina.
Procura por teste rápido aumentou 500%
A procura pelo teste rápido da dengue aumentou 500% nas farmácias Raia e Drogasil entre novembro de 2023 e janeiro de 2024. “O teste da dengue é muito simples de fazer, basta uma gotinha de sangue, e detecta os quatro tipos de vírus que circulam no Brasil. O diagnóstico mais preciso ajuda o sistema de saúde a adotar medidas de controle da doença. Sempre que alguém testa positivo, orientamos esse paciente a procurar os serviços médicos”, afirma Juliana.
Casos de dengue aumentam mais de 300% no Brasil
Os hospitais da Rede D’Or situados em cinco estados brasileiros registraram em janeiro deste ano um aumento médio de 307% no número de pacientes diagnosticados com dengue, na comparação com o primeiro mês de 2023. Os atendimentos se concentram principalmente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal, além de Paraná e Sergipe.
A maior alta proporcional foi verificada no pronto-socorro do São Luiz Anália Franco, na zona Leste, com 833% mais pacientes com a doença atendidos entre 1º e 20 de janeiro, em relação a igual período do ano passado. No Rio, a maior alta proporcional foi verificada no pronto-atendimento do Hospital Rios D’Or, em Jacarepaguá, no Rio, com 2.300% mais pacientes com a doença atendidos entre 1º e 20 de janeiro.
“O crescimento expressivo nos hospitais da rede é um indicador preocupante, especialmente se for registrada a circulação de sorotipo 3, como tem sido visto em algumas cidades, o que aumenta o número de pessoas suscetíveis à doença. Isso não ocorria há 15 anos. O risco de crescimento contínuo do número de casos nos próximos meses é real. As pessoas que já tiveram dengue no passado podem apresentar sintomas mais severos”, afirma David Uip, diretor nacional de Infectologia da Rede D’Or.
Segundo o infectologista, é importante que a população esteja atenta aos principais sintomas da doença, como febre alta repentina, dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza e dor atrás dos olhos, dentre outras. “É importante procurar assistência hospitalar especializada nesses casos”.
Por: Ana Claudia Nagao