Bandeiras Minuto Pão de Açúcar e Mini Extra apostam em modelo de reposição para se diferenciar
Focado em reduzir seu endividamento, o GPA desacelerou o capex e tem apostado no segmento de proximidade, com a abertura de minimercados. Das 49 lojas inauguradas pela companhia nos nove primeiros meses de 2023, 45 são nesse formato – 40 da bandeira Minuto Pão de Açúcar e cinco Mini Extra.
De acordo com Marcelo Pimentel, CEO da companhia, as lojas estão chegando a níveis rentáveis de venda antes do tempo. “Deveriam maturar com até três anos, mas estão chegando na ‘venda ótima’ no primeiro ano ainda”, afirmou, durante entrevista ao programa “Por Dentro dos Resultados” do InfoMoney.
Na visão do GPA, o modelo de proximidade é hoje o que mais tem oportunidades de crescimento. Além disso, possui custos de operação e expansão mais baixos, quando comparado com os de um supermercado da bandeira Pão de Açúcar.
O balanço da companhia no terceiro trimestre mostra que o segmento de proximidade do GPA registrou ganho de 2,2 pontos percentuais de market share no período, comparando com os supermercados de pequeno porte na Grande São Paulo. A capital e sua região metropolitana são o foco da estratégia da varejista.
“Nossa estrutura de malha logística, o reconhecimento da marca e todo o processo já estão consolidados em São Paulo”, afirma Pimentel. O executivo diz que o GPA vai continuar abrindo lojas nesse formato no quarto trimestre e ao longo de todo o ano de 2024, principalmente na bandeira Minuto Pão de Açúcar.
A concorrência nesse segmento é agressiva – basta ver a expansão do Oxxo. Ao final do terceiro trimestre, a rede de minimercados contava com 380 unidades, de acordo com o último balanço da mexicana Femsa Comercio, uma das donas do negócio, junto com a Raízen. Em um intervalo de 12 meses, foram abertas 204 novas lojas com a bandeira Oxxo, a grande maioria em São Paulo.
Questionado sobre a concorrência de um player que abre uma nova unidade dia sim, dia não, Pimentel não demonstrou receio ou deu qualquer sinal de que a empresa precisou recalcular seu plano de expansão em função disso.
“O que a gente tem visto é uma concorrência focada em um modelo de conveniência. São lojas menores, com sortimento menor, muito focada em categorias de bebidas e snacks“, diz o CEO.
Ainda que esses mesmos produtos sejam vendidos pelos minimercados do GPA, o CEO explica que o modelo de proximidade do grupo se encaixa em uma proposta diferente, de reposição, voltada a clientes que já compram nos supermercados da companhia.
“É uma loja perto de você para repor um produto ou outro que faltou durante a semana e você precisou pegar”, diz. “No Minuto Pão de Açúcar, temos lojas maiores com um sortimento bem maior do que a concorrência. São propostas de valores distintas, não tem certo ou errado”.
Pimentel afirma que o modelo de proximidade do GPA ainda não atingiu saturação em São Paulo. Segundo ele, existem vários bairros na capital que se encaixam com a proposta de valor de seus minimercados. “Temos muitas lojas a abrir aqui e, uma vez adensando São Paulo, vamos para as próximas capitais onde a marca tem uma força muito grande”.
Com uma dívida líquida equivalente a 2,5 vezes o seu lucro, o GPA busca a redução da alavancagem e direciona boa parte dos recursos obtidos com a venda de ativos não estratégicos para a redução do indicador.
Isso inclui os R$ 330 milhões obtidos com a operação de sale and leaseback de 11 lojas da varejista, a venda de um imóvel no Rio de Janeiro, no valor de R$ 247 milhões, e sua participação remanesce de 13.3% no capital da colombiana Êxito, em fase final de negociação, e que deve gerar caixa próximo de R$ 800 milhões até o final do ano.
“Isso já está contabilizado no nosso plano de capex de 2024. A gente está ajustando o nosso capex para algo em torno de 2,5%, 2,7% da venda. E é importante ter essa austeridade. Porque não adianta gastar muito mais do que isso quando você tem um custo de dívida tão alto”, afirmou.
Para evitar excessos, o GPA tem um comitê de expansão que faz um estudo minucioso das regiões onde a empresa pretende abrir novas lojas. “Muitas vezes a gente confunde volume com qualidade e não é novidade, no varejo, quando se vê uma expansão abrupta acontecendo, seguida por lojas sendo fechadas”, diz Pimentel.
“Temos um cuidado muito grande para garantir o bom uso da companhia, proteger nossa estrutura de capital e garantir que a gente esteja entrando em locais onde tenhamos track record que garante sucesso”, conclui.
Por: Mitchel Diniz