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Guia da Farmácia

A força da beleza no varejo farma


Diretor-geral da Beauty Fair, César Tsukuda, mostra os resultados da feira em 2023 e projeções para 2024, além de apontar as tendências e oportunidades do setor da beleza entre as farmácias


Um bilhão de reais. Pela primeira vez, a Beauty Fair – maior feira de beleza profissional das Américas – chegou ao bilhão em negócios movimentados. Na 18ª edição, realizada de 9 a 12 de setembro no Expo Center Norte, em São Paulo (SP) – o evento superou o resultado pré-pandemia nos quatro dias de evento. Foram mais de 205 mil visitantes, além 2.500 influenciadores digitais e 300 jornalistas, em busca das principais novidades do mercado de beleza no Brasil.


Tanto o resultado de público quanto o de negócios gerados foi recorde. Os visitantes cresceram 2,5%, enquanto os negócios gerados tiveram incremento superior a 20%, já que, em 2022, registraram R$ 800 milhões em negócios. Outro termômetro do sucesso da Beauty Fair é a permanência dos expositores: 65% dos mais de 500 já confirmaram presença para o próximo ano.


Em entrevista exclusiva ao Guia da Farmácia, o diretor-geral da Beauty Fair, César Tsukuda, falou um pouco sobre os resultados da feira em 2023, além das expectativas para 2024. Ele também analisou a força do varejo farma no mercado da beleza e onde se encontram as maiores oportunidades e tendências.


“Estima-se que temos, no País, cerca de 90 mil farmácias. Portanto, a capilaridade é muito grande, trazendo uma enorme força de conveniência para esse canal. O canal farma aproxima beleza e bem-estar e isso pode ser muito bem aproveitado”, destacou o executivo.


Acompanhe, a seguir, os melhores momentos desta entrevista.


Guia da Farmácia • Quais os principais insights extraídos da Beauty Fair 2023? Quais as maiores tendências e lições que ficaram este ano e para o início do próximo?

César Tsukuda • O principal insight foi o da retomada definitiva dos negócios. Ainda que para a indústria e o varejo essa retomada venha acontecendo há algum tempo, principalmente para os salões e área de serviços, essa retomada é mais recente.


Guia • De que forma essa retomada chegou para as farmácias?

Tsukuda • Pelo mix de produtos e tipo de serviços prestados, no canal farma, a retomada foi anterior aos outros canais. De todos os canais que envolvem beleza, este foi o que menos sofreu. Até porque foi o principal canal de vendas, não só de medicamentos e artigos ligados à saúde, mas também pela capilaridade e estar aberto em todo o período da pandemia. Foi um canal importantíssimo para o escoamento de produtos de beleza e higiene pessoal.


Guia • Quais formam as principais tendências que você observou para o setor nessa última edição da Beauty Fair?

Tsukuda • Uma tendência real e definitiva envolve a questão dos produtos naturais. Mas é preciso diferenciar os naturais e os veganos. O vegano definitivamente já é uma realidade e não mais uma tendência. Grande parte das marcas está trabalhando com o conceito do vegano que é bem diferente do conceito do natural.


O vegano, em tese, é o não testado em animais. Já o natural usa componentes e insumos de origem natural. São dois conceitos distintos, mas igualmente importantes.


Mas se olharmos os últimos levantamentos sobre o tema, a categoria de produtos naturais vai crescer muito mais do que as outras de higiene pessoal e beleza tradicionais.


Guia • O consumidor, de fato, já busca por esse tipo de produto? Mesmo os que não são veganos, buscam por essas formulações?

Tsukuda • Existe uma mudança de hábitos e isso é muito puxado pela nova geração. Eles têm uma consciência ambiental muito diferente do que as gerações anteriores, em que até podemos ter essa preocupação, mas comparativamente à geração daqueles entre 15 a 25 anos de idade, têm uma consciência muito mais forte.


Se isso for projetado ao longo dos próximos 10 a 15 anos, quando esse grupo de 15 a 25 anos de idade tiver na faixa dos 40 a 45anos de idade, eles vão estar muito mais alinhados com a questão do natural, assim como as gerações mais novas que estão por vir, gerando uma realidade de consumo efetivamente.


Guia • Qual o crescimento esperado para o mercado da beleza em 2024? Quais serão as principais forças do mercado para o próximo ano?

Tsukuda • O Brasil é o quarto maior do mundo do ponto de vista de consumo, chegando a ser segundo em algumas categorias, mas é oitavo ou nono na categoria de pele. Por aqui, os cuidados com o cabelos ainda são maiores. Mas há um movimento da indústria em tornar os produtos para pele mais acessíveis, numa espécie de democratização desses artigos, aumentando a penetração deles nos lares brasileiros.


Guia • Então, para pele, podemos dizer que a tendência estará na democratização desses produtos. Para cabelos, onde ficam as tendências?

Tsukuda • O mercado de cabelos no Brasil é bastante maduro. Nos últimos dez anos, houve uma evolução incrível nas linhas de produtos. Hoje, os artigos feitos por marcas brasileiras são reconhecidos mundo afora. Cada vez mais, o cabelo tem a “pegada” de performance, atendendo aos nichos de mercado. Então vemos produtos específicos para cacheados, lisos…


Então por ser uma categoria madura e também por exigência do consumidor, serão desenvolvidos produtos específicos. Barbearia é uma especialidade; produtos para cachos é outra realidade; tratamentos para cabelos coloridos… E vejo que existe uma oportunidade muito grande nesses nichos.


Guia • E para o mercado de unhas?

Tsukuda • É muito avançada a questão da esmaltação e existem alguns serviços lá fora que estão começando a chegar ao Brasil, como unhas em gel ou em porcelana, trazendo novas categorias para o setor.


Guia • E como você vê a performance do varejo dentro do mercado da beleza?

Tsukuda • Hoje, o varejo precisa estar onde o consumidor quer que ele esteja. Em algum momento, falamos do fim das lojas físicas, mas isso não existe. A grande questão é que não podemos fechar os olhos para o digital.


Do ponto de vista do varejo, o desafio é atuar de forma ampla para atender o consumidor no seu momento, na hora certa e da forma correta.


É preciso entender que os canais físicos e digitais podem funcionar muito bem de forma complementar.


Guia • Se houvesse uma capacitação maior no ponto de venda (PDV), os resultados de adesão a esses produtos poderiam ser maiores?

Tsukuda • Independentemente do mercado ou do setor, toda categoria que tem por objetivo aumentar a penetração nos lares, é quase uma obrigação ampliar as informações sobre os produtos, para que o consumidor possa entendê-los melhor.


Em pele, por exemplo, a grande questão é mostrar como envelhecer da melhor forma possível e ajudar as pessoas a se cuidarem melhor e estarem melhor. Beleza e bem-estar vão andar juntos.


Guia • Pensando no canal farma, onde estão as maiores oportunidades no mercado da beleza?

Tsukuda • Estima-se que temos, no País, cerca de 90 mil farmácias. Portanto, a capilaridade é muito grande, trazendo uma enorme força de conveniência para esse canal. O canal farma aproxima beleza e bem-estar e isso pode ser muito bem aproveitado.


Vejo também que a escolha do portfólio é um grande desafio, já que alguns PDVs têm áreas limitadas de exposição de produtos. O desafio de entender o consumidor no momento em que ele está na loja é importantíssimo para saber o portfólio adequado para oferecer. E isso não significa, necessariamente, expandir portfólio, mas rever se o que é oferecido na loja é o mais adequado.


Guia • Para finalizar, queria que você explicasse como as farmácias poderiam melhorar a experiência do consumidor que busca por produtos de beleza, seja nos canais físicos ou nos digitais?

Tsukuda • A experiência do consumidor não é necessariamente física ou digital. Cada vez mais, ela vai combinar os dois momentos para atender à jornada do consumidor ao longo do tempo. O grande desafio é construir uma jornada que não perca a identidade da minha marca como varejista, e entregar uma jornada complementar, que pode começar no digital e terminar no físico ou vice-versa. O importante é manter esse consumidor dentro do ecossistema do varejo.


Guia • Você já pode adiantar algo sobre o que esperar da Beauty Fair 2024?

Tsukuda • Todo ano, tentamos trazer ações e cursos novos. Toda feira tem 70% e 80% de fazer melhor o que já fazia, mas tem 20% ou 30% para trazer ações novas para tentar informar e encantar o visitante. Nesse percentual adicional, estamos reformulando a forma como entregamos o conteúdo educacional, que não deve se limitar aos dias da feira apenas.


A feira, provavelmente, deve ser o ponto alto. Também tentamos todo ano melhorar a estrutura do evento, a fim de criar um ambiente mais favorável para formação de negócios.


Então, se pudesse sintetizar três pontos altos para 2024, eles seriam: a maneira como entregamos o conteúdo educacional; a melhoria do ambiente da feira para geração de negócios; e cada vez mais inserir bem-estar dentro do mercado de beleza.

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