A Enjoei acaba de contratar o ex-CMO do Santander Brasil, Igor Puga, como vice-presidente executivo, um cargo amplo com o mandato de buscar novas fontes de receita para a companhia.
Igor começa em 1° de maio no cargo, e na prática será o número 3 da empresa, reportando-se aos fundadores Tiê Lima e Ana Luiza McLaren.
A contratação vem num momento de transformação do Enjoei, que começou como um marketplace de produtos usados mas hoje opera como uma holding, depois da compra da Elo7 e da Cresci e Perdi, uma rede de franquias de brechós de roupas infantis.
Igor disse ao Brazil Journal que conhece os dois fundadores há muitos anos e foi atraído pelo “momento incrível” que a empresa vive, bem como as diversas oportunidades de crescimento que enxerga no negócio. “Não consigo entender como o mercado ainda não percebeu isso e não percebeu que a precificação [da ação] está inadequada,” disse ele.
Igor também foi atraído por um pacote generoso de remuneração. Além de entrar para o programa de stock options dos executivos, ele recebeu na cabeça uma quantidade não revelada de ações que a companhia mantinha em tesouraria.
Antes da Enjoei, Igor passou oito anos como CMO do Santander Brasil, de onde saiu em dezembro. Ele disse que seu papel no Santander ia além das funções tradicionais de um CMO.
“Era uma posição mais de product marketing, em que eu era responsável por 14 squads de produtos, cuidando das campanhas mas também das decisões de pricing, portfólio e estratégia,” disse ele.
Na Enjoei, Igor pretende usar esses skills para pensar em novas fontes de receita e em estratégias de crescimento. Ele diz já ter claras as primeiras medidas que vai tomar assim que sentar na cadeira.
“A primeira coisa que vou fazer é desenvolver uma ferramenta de precificação inteligente com IA,” disse ele. “A Enjoei ainda não tem um sugestionamento de preço. A pessoa entra e coloca o preço que acha que seu produto vale.”
Para ele, essa nova ferramenta vai ajudar a vida do vendedor, mas também protegerá a plataforma, já que quando o cliente entra e se depara com um preço fora da realidade, isso gera um preconceito em relação à plataforma.
“No curto prazo, acho que essa é a coisa mais óbvia a se fazer,” disse ele, acrescentando que esse é um projeto que “estourando” deve levar dois meses.
Outra prioridade será a expansão no varejo físico. A Enjoei já entrou no varejo físico com a compra da Cresci e Perdi, que tem cerca de 500 brechós, a maior parte no modelo de franquia.
Agora, ela quer criar lojas físicas com a marca Enjoei, também com franquias. Igor disse que a empresa está “pensando grande” e que o plano é abrir 600 lojas da Enjoei nos próximos anos.
Nos próximos três meses, a Enjoei vai abrir três flagship stores da marca, todas próprias, e até o fim do ano espera ter 30-40 franquias operando. Segundo Igor, esse número é praticamente certo porque a empresa tem uma lista de interessados manifestando interesse em abrir mais de uma loja.
A projeção é que a receita dessas lojas físicas já contribua com 10% a 20% do top line da Enjoei em 2025.
Igor disse que essa expansão para o varejo físico foi outro fator que o atraiu na empresa, “do ponto de vista do desafio intelectual.”
“Não me recordo de uma empresa que tenha saído do digital e ido para o físico com sucesso. O inverso já aconteceu muito, mas ir do digital para o físico seria algo inédito,” disse ele.
O executivo acredita que isso nunca aconteceu porque as empresas que tentaram fazer isso não estavam preparadas.
“Não é algo trivial. Você tem que ter muita certeza do core do seu negócio, e a Enjoei já testou tantos modelos de como expandir a venda digital de roupas, que eles já sabem como expandir canais muito bem,” disse ele. “Não é uma decisão desesperada de growth. É uma decisão estratégica muito bem estruturada que vai trazer um volume incremental e ajudar a popularizar o second hand.”
O executivo também pretende trabalhar nas sinergias da Elo7 com a Enjoei, já que há um “cross sell enorme que precisa ser desenhado e desenvolvido.”
Segundo ele, o nível de interseção de consumidores entre as duas plataformas é de apenas 15%, o que abre espaço para trazer novos consumidores para ambos os marketplaces.
Igor chega na companhia num momento em que a Enjoei tem melhorado seus resultados, com uma redução gradual de sua queima de caixa. No quarto trimestre, a companhia reportou pela primeira vez um EBITDA positivo.
O bottom line ainda veio negativo, mas em grande parte por conta das parcelas dos pagamentos das aquisições da Elo7 e Cresci e Perdi, que entram como despesas na DRE.
Dado que essas parcelas devem acabar neste trimestre, a expectativa no mercado é que a Enjoei reporte o primeiro lucro de sua história no segundo ou terceiro trimestre.
A Enjoei vale R$ 326 milhões na B3. O papel sobe 85% nos últimos 12 meses.
Por: Pedro Arbex
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