'Estamos crescendo do jeito certo, sem fazer loucuras', diz Marcus Teles, dono da rede, ao explicar os fatores que contribuem para o bom funcionamento da Leitura
Com pouco mais de 50 anos de história, a Livraria Leitura – rede que nasceu mineira e, há muito, se tornou nacional – está prestes a abrir a sua loja de número 100 e espera terminar 2023 com 107 unidades e um crescimento superior a 20%. Depois do espaço recém-inaugurado no Shopping Iguatemi Esplanada, em Sorocaba (SP), nos próximos dias a rede inaugura mais três unidades:
Nesta quinta (20), a unidade do Plaza Sul Shopping, em São Paulo, ocupando uma área de 277,3 m² – a loja de número 100;
No dia 29 de julho, a cidade de Natal receberá a terceira inauguração, com uma loja de 436 m², no Natal Norte;
Em 11 de agosto, será a vez do Market Place em São Paulo receber uma unidade com 533 m².
Além disso novas unidades são esperadas em Fortaleza, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Para 2024, serão pelo menos mais dez novas lojas. “E, com certeza, o crescimento será de dois dígitos”, acredita Marcus Teles, proprietário da rede, em entrevista ao PublishNews.
Leitura no Conjunto Nacional?
Recentemente, surgiu no mercado o rumor de que a Leitura se prepara para dar uma proposta pelo espaço do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista em São Paulo, atualmente ocupado pela Livraria Cultura. Sobre o assunto, Teles faz questão de explicar que “não é bem assim” – “há o interesse, mas não conversamos nada”.
O plano da rede, explica, é ter uma megastore em São Paulo em 2024, de pelo menos mil metros quadrados – e o espaço do Conjunto Nacional é uma das possibilidades. “Mas isso é só uma possibilidade”, frisa ele. “Também pode ser em outra região. A questão do Conjunto Nacional depende de diversos fatores”, lembra.
“É claro que o ponto é um dos que estão sendo levados em conta, mas é diferente de falar que ‘a Leitura está esperando para entrar no Conjunto Nacional’, não é bem assim”, disse ao PN.
Sobre a megastore, Teles adianta que o plano é ser algo em torno dos 1 mil, 1,5 mil metros quadrados e que – se for – o espaço presente na Av. Paulista, o plano é usar somente metade. “É um lugar lindo, mas tem que ser viável”.
Mas qual é o segredo do sucesso da Leitura?
A resposta é longa e envolve diversos fatores. O primeiro deles talvez seja o pé no chão. “Estamos crescendo do jeito certo, sem fazer loucuras”, diz Teles. Segundo ele, para uma empresa se manter saudável em um ramo apertado como o livreiro, “tem que trabalhar certo e reagir rápido quando erra”. Outro ponto pode parecer óbvio: manter o protagonismo do livro. “O livro é sempre o principal item. É o nosso DNA, nosso carro-chefe”.
Teles faz questão de frisar que a Leitura não faz dívida. “Sempre tivemos um caixa positivo”. E isso se deve a outro lema da rede mineira: não ter medo de fechar lojas deficitárias. “Desde quando tínhamos 30 lojas, a gente sempre fecha pelo menos uma por ano. É não insistir no erro”, explica.
Sócios-gerentes
Na lista de acertos da Leitura está a ação de tornar os gerentes das lojas em sócios da rede. “Todos os anos, nós pegamos aquele gerente que teve o melhor resultado nos últimos dois anos e o convidamos para entrar como sócio na próxima loja, e ter participação nos lucros”, detalha. Para Teles, ter pessoas que conhecem a cultura da rede, que já trabalham no ramo e entendem como tudo funciona faz muita diferença. “Isso acaba tornando também cada loja mais integrada com o seu público, até porque cada região tem um público diferente e o gerente de cada lugar sabe o melhor jeito de tocar a curadoria”.
Crescimento em 2023
A Leitura começou 2023 crescendo cerca de 30% em janeiro e 20% em fevereiro – por conta do volta às aulas. De lá pra cá, a rede vem crescendo cerca de 10% nas mesmas lojas. “Ainda não temos como calcular, mas acreditamos em um crescimento superior a 20% em 2023”, conta Marcus.
Ainda este ano, a Leitura pretende abrir cerca de nove lojas e fechar uma, terminando 2023 com 107 unidades.
As livrarias pelo país
Também presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), Teles adiantou dados do anuário que a entidade pretende lançar em sua convenção marcada para os dias 30 e 31 de agosto, no Rio de Janeiro.
Segundo ele, a queda de livrarias nos últimos dez anos não chega a 3%. “Tem muita gente falando que as livrarias vão mal e não é verdade”, disse, compartilhando ainda que o número de novas livrarias cresceu de abril de 2021 até novembro de 2022. “Este ano, só a Leitura vai abrir pelo menos nove, a Travessa confirmou duas, a Vila tem mais uma, Santos também abriu novas unidades, sem contar as independentes. Então quando vamos somando, vemos que a situação está diferente do que muitos falam. Não está fácil, mas o mercado continua firme”.
Números da Livraria Leitura:
100 lojas
Crescimento em 2022 de mais de 31% em comparação ao ano anterior
Nos últimos três anos, a rede abriu seis megastores e fechou uma
Atualmente a Leitura tem 28 megastores
Público com faixa etária acima de 25 anos, com uma distribuição próxima de 55% feminino e 45% masculino.
Por: Talita Facchini