top of page
Buscar

Menos filhos, mais pets: a ascensão de um mercado de US$ 500 bilhões

  • Portal UOL
  • 17 de set.
  • 4 min de leitura

Fato: o mercado de luxo está perdendo força. Em busca de novas bases de sustentação para um setor pouquíssimo acostumado a tropeçar, serviços e produtos para pets viram ótima alternativa de faturamento - até a Vogue entrou na onda com a Dogue, um encarte recém-lançado que traz ensaios com pets de influenciadoras famosas.


Passado o pico de vendas do pós-pandemia, o mercado de luxo tem operado em um compasso mais contido. Um estudo da Bain & Company e Fondazione Altagamma mostrou que, em 2024, o faturamento de bens pessoais de luxo encolheu pela primeira vez em 15 anos (excluindo crises globais), caindo para US$ 412 bilhões - uma redução de 2% em comparação com 2023. Em outros números: são 50 milhões a menos de consumidores, com o maior decréscimo entre a Gen Z.


Não é um colapso, dizem especialistas, mas uma fase de estabilização e compreensão das mudanças. Mas, para uma turma pouco acostumada às incertezas, isso assusta.


Uma aposta de meio trilhão de dólares


Do outro lado (ou aqui, bem pertinho, aos nossos pés), as projeções indicam que o faturamento do mercado pet global deve saltar de US$ 320 bilhões para US$ 500 bilhões até 2030. A oportunidade é giga. Basta olhar para dentro de casa: os bichinhos saíram do quintal para o sofá e, muitas vezes, para a cama. E que cama! Um modelo Gucci do cantinho acolchoado para seu cão pode chegar a US$2.500. Segundo o Pew Research Center, 97% dos tutores nos EUA dizem que seus animais fazem parte do núcleo familiar, e metade afirma que eles têm a mesma importância que um humano no lar.


No Brasil, onde a média é de 1,8 pet por domicílio, só em 2024, movimentamos R$ 75,4 bilhões (+9,6% em comparação com oano anterior) dedicados a eles. Estamos entre os três maiores do mundo em faturamento, e contando.


A febre é global. Em Paris, a loja de departamentos de luxo Le Bon Marché, que vende grifes como Balenciaga, Loewe e Gucci(para humanos), transformou-se, entre fevereiro e abril de 2025, em um playground para dog lovers com a mostra "Je t'aimecomme un chien!" (Eu te amo como um cachorro!), com direito a decoração com ossos gigantes nas escadas, "casinhas"estilizadas e programação cultural. A mensagem é clara: os pets estão no centro da vitrine do luxo.


No Japão, a coisa é ainda mais séria: com um mercado avaliado em mais de US$ 14 bilhões, o apelo premium aparece no detalhe e na personalização. Por lá, a moda está em carrinhos sob medida (com uma vasta paleta de cores e até cristais Swarovski), em marcas de pasta de dentes canina cheias de promessas, além de serviços médicos avançados para cães idosos, que envelhecem junto à população. Será que um dia os cães também serão centenários por lá?


Menos filhos, mais pets


Por uma combinação de custos altos, estilo de vida e falta de perspectiva de um futuro melhor (haverá humanidade, afinal?),muitos millennials e Gen Z têm adiado (ou renunciado) a parentalidade, investindo em criar pets em vez de filhos. Na Coreia do Sul, onde as taxas de natalidade só caem, carrinhos para pets superam os de bebês no principal marketplace local desde 2023.Na China urbana, o número de pets deve chegar a 70 milhões até 2030, quase o dobro do total de crianças de até 4 anos.


Se eles são quase como filhos, como deixá-los em casa nas férias? Nesse sentido, a National Geographic aponta que mais de40% dos viajantes de 34 a 54 anos nos EUA planejam levar o pet na próxima viagem. Para driblar as regras rígidas dos voos comerciais, onde a maioria dos pets viaja no bagageiro, surgiu a Bark Air, com jatos fretados em rotas como Nova Iorque e Londres e tarifas a partir de US$ 8 mil por pessoa com cão.


Do lado dos bens de luxo, as grifes testam fronteiras e ampliam território no mundo das quatro patas. Além das caminhas citadas acima, a Gucci tem uma linha com dezenas de itens para cachorros (as capas de chuva custam US$ 1.050). A Louis Vuitton apresentou a LVers Dog Collection que vai da casinha (US$ 60.000) aos porta-sacos (US$ 470). A Tiffany & Co. oferece coleiras entre US$ 350 e US$ 650; e a Versace aposta em camas (barrocas, claro) e, juro, roupões.


As experiências acompanham. Em Roma, o restaurante com estrela Michelin Fiuto criou um menu para cães; já, em São Francisco, o "restaurante" canino Dogue propõe um "fine dining" com degustações temáticas para os peludos. Nos EUA, o Conrad Washington DC vende o pacote Lab of Luxury na Bark View Suite (duas noites), com coleira e guia Hermès, tigela Tiffany & Co., petiscos assinados pelo chef Andrew White side e tour com piquenique por três vinícolas dog-friendly na Virgínia, tudo por US$5.999.


O poder dos "petfluencers"


Há oportunidade até no mercado de influência. Estudos recentes (Journal of Advertising Research e Psychology & Marketing)mostram que perfis de pets nas redes engajam mais por parecerem mais sinceros. Por exemplo, comparando dois anúncios idênticos de um mesmo produto, mas um feito com patas de cão e o outro, com mãos humanas, a versão com patas teve três vezes mais engajamento. Não por acaso, contas de pets já faturam alto, e surgem plataformas especializadas como a Dogfluence,que usa IA para conectar marcas e influenciadores caninos com precisão.


O que tudo isso significa? Que "luxo com patas" não é modinha. É uma macrotendência social e cultural ancorada em demografia e economia. Trata-se de um vetor de desejo e pertencimento em tempos de solidão e incertezas globais.


Por: Maria Prata

Posts recentes

Ver tudo
Indianópolis recebe nova loja da Giuliana Flores

Bairro de São Paulo marca abertura da 18ª unidade própria da marca A Giuliana Flores abre mais uma loja física. Desta vez, na Alameda dos Jurupis, 1110, Indianópolis. O empreendimento é uma loja compl

 
 
Araujo Santhos_IDV_Assinatura_vertical_branco.png

+55 51 3337 2477

Av. Cristóvão Colombo, 3000 Sala 902

Porto Alegre RS  Brasil

CEP 90560-002

  • Instagram
  • LinkedIn
  • YouTube

O conteúdo deste site é de uso exclusivo de Araújo Santhos Investimentos Imobiliários. Desenvolvido por VERDI

bottom of page